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Depressão e Ansiedade: entendendo nosso cérebro

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Pegue o que precisa: AMOR, ESPERANÇA, FÉ, PACIÊNCIA, CORAGEM, COMPREENSÃO, PAZ, PAIXÃO, CURA, FORÇA, BELEZA, LIBERDADE.

Como se sentiu ao ler isso? E como se sente em relação a não ter todas essas coisas por completo?

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Faz um tempo que o mundo está girando diferente, exigindo cada vez mais de nós em uma alta escala de necessidade de auto-aceitação e aprovação social. Se você não o acompanha, logo está fora dele (e não vejo problema nenhum em não estar). Cada progresso e motivação é infinitamente relacionada a individualidade de cada um. Você apenas precisa achar algo que sirva e funcione para você. Simples, não? Bom, com inúmeras influências que chegam até nós nos dias de hoje é difícil responder com simplicidade. E quando não saber por onde começar, como reescrever, descobrir o que te satisfaz, encontrar o seu papel e encaixar-se no mundo ou apenas tentar ser feliz? Ainda continua simples para você? É aí que o que é considerado o “ideal” se torna pura complexidade. O que serve para mim pode não servir para você, partindo do pressuposto de experiências emocionais de cada um.

DEPRESSÃO E ANSIEDADE

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Para quem possui essas doenças psíquicas (assim como eu) é extremamente difícil algum tipo de enfrentamento ao tentar expôr seus verdadeiros sentimentos ou pensamentos (e eles são muitos ocorrendo ao mesmo tempo) pelo simples fato de nos sentirmos seguros camuflando todos eles, com receio sobre o que pensariam de nós ou com medo de alguma aproximação muito íntima. Aos olhos de um observador ou mal entendedor, não há uma dimensão do que tudo isso pode acarretar, limitar e transformar a vida de quem sofre com isso. Infelizmente, ainda há muita falta de compreensão para um leigo em relação a forma de tratamento ou aconselhamento para com quem tem depressão e ansiedade.

Não, nós não estamos assim porque queremos. Ninguém gosta de sofrer. Ninguém gosta de sentir coisas horríveis por dentro e por fora sem conseguir fazer nada para mudar isso, tendo que conviver com uma batalha de sentimentos como se estes fossem uma montanha-russa constante. Não, seus conselhos ou dicas bem intencionáveis não vão funcionar tão bem quanto você pensa. Ao menos que você saiba (ou pelo menos tente) utilizar uma abordagem satisfatória com a devida sensibilidade ao lidar com a pessoa que possui a doença. É quase impossível alguém que não sente o que você está sentindo te dizer com assertividade o que poderá te ajudar ou solucionar a sua vida. Não, isso não é só uma fase que vai passar.

A depressão junto com a ansiedade pode ser erradicada ou apenas controlada. Em alguns casos, ela pode ser curada a um curto-prazo de durabilidade dos sintomas (surgida por motivos sazonais ou outros) e, em outros casos, ela é estabelecida como crônica, devido ao longo prazo de durabilidade dos sintomas (surgida pelo gene, o que torna os sintomas mais propensos através do DNA), devendo ser tratada por toda a vida para evitar um possível retorno. A forma correta de se recorrer a um tratamento que seja considerado eficaz é o acompanhamento de um médico psiquiátra e um psicólogo, fazendo ou não a utilização de medicamentos, dependendo do grau dos sintomas.

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Na minha visão, a depressão é uma doença egoísta e, com a presença da ansiedade, ela se agrava mais ainda, tornando-se um verdadeiro furacão e destrói tudo o que está pela frente, não importando quem irá machucar, embora quem mais se machuque seja o próprio causador. Isso se torna um ciclo vicioso, misturando bipolaridade e raiva. A depressão contém excesso de pensamentos sobre o passado. Às vezes visitamos o nosso passado pela sensação de ainda estarmos presos a experiências ruins, seja tentando corrigir coisas que se foram ou que ficaram inacabadas. É aí que surge a incapacidade de aproveitar o momento presente, pois estamos preocupados com o fato de estarmos perdendo o controle da realidade. A única razão pela qual ficamos presos a lembranças ruins é porque elas não foram completamente experientes. A ansiedade contém excesso de pensamentos sobre o futuro, também nos incapacitando de nos concentrar no presente.

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ENTENDENDO O CÉREBRO COM DEPRESSÃO E ANSIEDADE

O cérebro humano é formado de duas metades: o hemisfério esquerdo e o direito. O sistema nervoso está conectado com o cérebro através de uma comunicação cruzada, ou seja, o hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo e o hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo. Ambos possuem funções diferenciadas.

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Os neurotransmissores são os mensageiros que enviam sensações e emoções ao nosso cérebro. Eles podem ter efeitos excitatórios ou inibitórios suscetíveis a gerar um potencial de ação sobre o neurônio. Tanto a dopamina quanto a serotonina estão associadas à ciência da “felicidade”. Se um ou outro começa a falhar, isso poderá trazer uma mudança significativa no comportamento e no humor, tendo momentos de oscilações.

A DOPAMINA

A dopamina é um neurotransmissor responsável por controlar a cognição, memória, motivação, humor, aprendizado, atenção, concentração, paixão, amor e também alguns movimentos do nosso corpo. É o famoso transmissor da “recompensa”, ou seja, nos estimula a buscar algum objetivo para obter essa recompensa determinada. Os cientistas indagam o porquê a dopamina nos impulsiona a buscar coisas que às vezes são negativas. Mesmo em situações de estresse, esgotamento ou preocupação, liberamos dopamina. Em circunstâncias agradáveis, a dopamina liberada desencadeia impulsos nervosos que levam a uma sensação de prazer e bem-estar, fazendo com que procuremos uma atividade desejável, como alimentos saborosos (especialmente alimentos com altos níveis de açúcar), ter relações sexuais, jogos e drogas. Esse é o mecanismo de recompensa química liberada pela dopamina, pois ela te encoraja a seguir os tipos de coisas que te fizeram sentir bem no passado.

Entretanto, o excesso desse neurotransmissor nos leva a procurar emoções constantemente, se tornando uma perseverança quase compulsiva e, às vezes, estando relacionada a certos vícios. Esse excesso nos leva a ser caçadores de emoções sem muito medo das consequências, enquanto um déficit poderá ocasionar a depressão. Essa é a magia complexa da dopamina: estamos apaixonados, envolvidos por essa sensação embriagadora de placidez e intensidade, onde as emoções estão sempre à flor da pele. A dopamina segrega essa substância em nosso cérebro que nos empurra a fazer coisas para manter um parceiro, seduzi-lo ou conseguir o seu afeto dia após dia. Todo este círculo nos traz um vício positivo, no qual o amor tende a acender as mesmas estruturas neuronais que sentiríamos se usássemos algum tipo de droga. Porém, se esta relação com a pessoa amada se rompe, nosso cérebro continuará gerando mais dopamina, já que se trata de uma adversidade onde estes neurotransmissores continuam impulsionando o cérebro a buscar um objetivo, não importando se ele é positivo ou negativo.

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Sintomas de deficiência da dopamina:

  • falta de concentração
  • procrastinação
  • apatia
  • distúrbios de memória
  • insônia
  • irritabilidade
  • oscilações do humor
  • desmotivação e desinteresse
  • incapacidade de sentir prazer
  • dificuldade em enfrentar novos desafios
  • dificuldade em criar metas (a curto ou a longo-prazo)
  • fadiga
  • agir de forma agressiva ou ficar na defensiva
  • desinteresse sexual

A SEROTONINA

A serotonina é um neurotransmissor responsável pelo humor, apetite, sono, satisfação, ritmo cardíaco, funções intelectuais e sexualidade. É o famoso transmissor do “prazer”. A serotonina é produzida de 80% a 90%% no intestino, estando além da comunicação entre os neurônios, afetando o humor, a ansiedade e a depressão. Ela está ligada a alguns hormônios importantes em nosso corpo, como a melatonina, substância que regula o sono. Em excesso, a serotonina atrapalha o desempenho sexual. Quando há transmissão intensa, a libido cai. Essa relação acontece, por exemplo, quando um indivíduo toma antidepressivos que melhoram a transmissão da serotonina em nosso cérebro e, logo, diminuem a libido. Os baixos níveis dessa substância química estão diretamente relacionados a um maior desejo de ter relações sexuais, mas também com uma diminuição da capacidade de se conectar emocionalmente com o outro, o que não é uma boa fórmula para um relacionamento satisfatório.

Para os cientistas ainda não é claro como um gene influencia o cérebro quanto à propensão da felicidade ou como certa pessoa se sente satisfeita ou não com a sua vida. Não foi verificado precisamente o que causa a depressão. Acredita-se que o mais provável é que isso ocorra devido a um desequilíbrio de neurotransmissores ou hormônios no corpo que possa levar a essa desordem. Uma associação foi feita entre depressão e serotonina, embora os cientistas ainda não tenham certeza se os níveis reduzidos dela contribuem para a depressão. Embora seja possível medir o nível de serotonina na corrente sanguínea, atualmente não é possível medir os níveis presentes no cérebro. Os pesquisadores não sabem se os níveis de serotonina na corrente sanguínea refletem os níveis de serotonina no cérebro.

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Sintomas de deficiência da serotonina:

  • falta de concentração
  • distúrbios de memória
  • sonolência durante o dia
  • ansiedade e transtornos de pânico
  • depressão
  • insônia
  • baixa auto-estima
  • oscilações do humor
  • irritabilidade e agressividade
  • transtorno obsessivo-compulsivo
  • transtorno de estresse pós-traumático
  • transtorno afetivo sazonal
  • fobias sociais
  • enxaqueca
  • fadiga
  • distúrbios alimentares (alto ou baixo consumo)
  • piora da TPM e cólicas
  • distúrbios digestivos
  • inibição do desejo sexual

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Ainda estou aprendendo a definir minha depressão e ansiedade ao invés de deixar elas tentarem me definir. A doença mental não é uma falha de personalidade. Apesar de tudo, nós ainda mantemos a nossa identidade por detrás do caos, mantendo nossas qualidades, defeitos, caráter e um jeito único de ser como qualquer um. Não, este não foi um texto de auto-ajuda, apenas minhas palavras baseadas em pesquisas e conhecimentos próprios para tentar esclarecer e melhorar o entendimento sobre o assunto. Eu ainda não conseguiria fazer isso sozinha.

10 comentários em “Depressão e Ansiedade: entendendo nosso cérebro”

  1. Eu tenho depressão e ansiedade ,é tudo isso citado acima ,eu não aguento mas viver isso ,eu so peço a Deus para me levar logo ,não tento suicidio pq Deus diz que não tem perdão ,só ele que pode nos dar e tirar nossa vida ne ,mas queria morrer logo e acabar com essa dor e loucura

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    1. sim 😭 eu me sinto assim, sinto que eu só queria logo tirar todo esse fardo de mim, mas eu não consigo me acabar sozinha no sentido acabar com minha vida

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  2. Oi priscila, eu amei seu texto, está bem organizadinho. Voce disse que se baseou mais no que você pesquisou a respeito e sobre o que você sente. Há muitos relatos atualmente na internet com inúmeros sentimentos e muitas das vezes eu não consigo me identificar porque acontece inúmeras coisas na minha cabeça, tipo fico me julgando e me sentindo insuficiente e tudo mais de ruim sempre, mas oscila entre dias piores onde eu só quero nunca mais viver e outros que eu falo mais que a boca. Desculpa eu dar meu exemplo, é que mesmo médicos dizendo você tem eu ainda prefiro acreditar que não, porque eu sei que eu ainda sou eu sabe? Eu não sei quando ou se antes eles já estavam aqui, mas eu ser do meu jeito nos dias que seriam bons, me faz repensar se eu realmente tenho? Porém agora com esse final do seu relato de nós mantemos nossa identidade, eu fico me perguntando se você tb se sente assim? é horrível ver pessoas próximas agindo como se fosse frescura, como se não sei, com aquele olhar de julgamento, porém com isso eu fico as vezes pensando: será que não é pq o médico disse que eu tenho que eu enfatizei isso e passei a reagir como? me desculpa estar desabafando, é muito difícil conversar com outras pessoas a respeito que não estejam passando por um caso como no meu entender voce tb tá passando. No meu entender pq eu ainda acho que eu, no meu caso, mesmo que eu não quisesse ter esses inúmeros pensamentos me fazendo me sentir um lixo constantemente e me cobrando tanto, eu ainda acho que talvez seria só uma idealização da minha cabeça.

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